Saúde

Secretaria de Saúde de Pelotas contesta dossiê do Simers

Documento foi entregue ao Ministério Público, que já pediu esclarecimentos à pasta sobre a administração da área no município

Foto: Carlos Queiroz - DP - O documento produzido pelo Simers aponta a falta de valorização dos médicos e questões administrativas como principais problemas no serviço de saúde na cidade

O encontro entre representantes do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) e Secretaria Municipal de Saúde (SMS) marcado para a próxima segunda-feira (31) foi cancelado pela pasta. Na reunião, o sindicato apresentaria ao município cobrança de soluções para questões apontadas em um dossiê elaborado após encontro com a secretária Roberta Paganini. No entanto, apesar de ter sido agendado, a SMS recuou após tomar conhecimento que o relatório foi entregue ao Ministério Público. Com isso, a pasta afirma que a partir de agora irá se reportar somente ao órgão estadual.

O documento produzido pelo Simers aponta a falta de valorização dos médicos e questões administrativas como principais problemas no serviço de saúde na cidade. Já a Secretaria de Saúde contesta algumas das avaliações.

Para o diretor do interior do sindicato, Luiz Alberto Grossi, Pelotas tem o pior nível salarial pago no Estado. Ele aponta que, mesmo com um Pronto-Socorro referência na região, o município paga para um médico com 21 horas semanais R$ 7 mil, enquanto em Santa Maria seria quase o triplo. Grossi critica a gestão e cita como exemplo a prefeitura gastar com internação de três dias para uma gestante diabética realizar exames necessários, como ecocardiograma fetal durante o pré-natal de alto risco, só por não existir rede credenciada que faça o procedimento.

Problema é a demora
O bebê de três meses do empresário Mário Jorge de Lima Feijó Júnior, 33, precisou de atendimento no domingo e foram longas três horas de espera no Pronto-Socorro em meio à aflição da família, uma vez que o pequeno Yahanan estava com baixa saturação. "Os pediatras são ótimos. O problema é a demora. Estamos vindo aqui há um mês. Mas acho que hoje (segunda) deve ser rápido", relatou. O exemplo citado acima está relacionado com a demanda do Simers sobre a redução de um médico pediatra no hospital. O apontamento, no entanto, é contestado por Roberta.

"O PSP sempre teve dois pediatras que atendem 24h. Durante o período de inverno acrescentamos um terceiro, principalmente pela necessidade de pacientes com sintomas respiratórios mais graves. Passado o período de frio, o número de profissionais para atendimento foi normalizado", argumenta. A secretária diz ainda que o mesmo ocorre com a UPA Areal em relação à redução de um plantonista.

A questão causou estranheza ao diretor Grossi, uma vez que há cerca de um mês foi aberto o Centro de Referência ao Atendimento Infanto Juvenil (Crai). "Reduzem profissionais e aumentam o serviço, pois não há pediatra na unidade, e esse tipo de atendimento deverá ser realizado também pelo médico clínico", pontua. Segundo a SMS, houve acréscimo de mais 12h médicas para o período de inverno, que terminou no final de setembro. Sobre o número de atendimentos mensais, Roberta afirma que em setembro foram 7.235, enquanto em outubro, até o dia 20, foram 4.843. Sobre o Crai, das 25 crianças e adolescentes vítimas de violência, 16 pacientes foram encaminhados para consulta com médico na UPA Areal.

Déficit segue em 21
Roberta confirma a falta de médicos na Atenção Primária e afirma que é um problema crônico do SUS, tanto que o governo federal criou programas que visam minimizar a situação. "Pelotas perdeu 27 vagas do programa Mais Médicos e no novo programa federal, o Médicos pelo Brasil, tivemos sete vagas aprovadas, mas apenas um profissional inscrito." A secretária destaca que o valor da remuneração oferecida pelo Ministério da Saúde é superior. "Portanto, a remuneração é fator relevante, mas não é o único." A prefeitura atualizou o valor da hora médica paga aos profissionais no ano passado, e passou de R$ 50 para R$ 80 - um acréscimo de 60%. A SMS alega que, apesar das dificuldades financeiras que o Executivo enfrenta, está estudando o impacto financeiro de um novo ajuste do valor da hora dos médicos plantonistas. Para o Simers, a média da hora para ao profissional é a partir de R$ 120.

Providências
O Ministério Público já solicitou esclarecimentos da SMS. O promotor Paulo Charqueiro, no entanto, não aponta uma ou outra situação como mais grave. "Como são questões que dizem respeito ao atendimento da população, que, segundo o denunciante, estaria inadequado ou comprometido em sua qualidade e continuidade, foram solicitadas informações. Com as respostas, examinar-se-á quais as medidas que serão adotadas pelo MP", diz o promotor.

Nota de repúdio
No final da tarde desta terça-feira (25), o Simers, por meio do diretor Grossi, lançou nota em repúdio à conduta adotada pela secretária Roberta Paganini, que decidiu por encerrar o diálogo com o sindicato. "O Simers torna pública sua indignação com a secretária da Saúde e cobra da prefeita municipal, Paula Mascarenhas, uma resposta pública e resolutiva sobre os fatos, a fim de que se construam pontes em prol da saúde e dos médicos que prestam serviços ao município", diz o texto.


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